É o tipo de coisa que me constrange um pouco, ou melhor, muito. Eu que sempre prezei pelo ceticismo, pela lógica, pela fé na ciência, no mundo material, no que é palpável, de repente me vejo tão vulnerável, frágil, confusa, admirada, encantada com aquilo que não posso provar, não posso tocar, não posso sequer manipular ou controlar como costumo fazer com o que está a minha volta.
A pergunta é:
Por que todo mundo me diria a mesma mentira? Quer dizer, como todos eles seriam tão igualmente criativos e casualmente criariam os mesmos personagens, a mesma história, o mesmo clímax, o mesmo desfecho?
No final, tudo não passa de um filme de ficção. É apenas uma história que alguém escreveu despejando no papel parte de si, com personagens disfarçando verdades em falas decoradas, com a interpretação e o sentido que a experiência de quem vê quiser enxergar.
Nenhuma ficção é ausente por completo de realidade e nenhuma realidade é real se quem a interpreta não acredita nela. Então, se alguém acredita que uma história é real é o suficiente para que seja verdade? E se tudo que é real inspira parcialmente o que é ficcional e toda história de ficção é fundamentada de alguma forma em sentimentos e experiências, tudo passa a ser realidade?
Do alto de tanta complexidade, me limito a parar por aqui, antes que eu me perca entre a ficção e a suposta realidade.
O desfecho do meu dia é uma questão de ponto de vista. O cabelo arrumado, o corpo descansado, a gripe com um pé aqui, outro lá. Um macarrão pesado, molho queimado e super salgado e queijo ralado na hora. O estômago às voltas entre goladas de limão e água adoçada. Flashes do Fantástico, Escolta de Vagalumes, textos, pensamentos, palavras e palavras.
Mas uma alegria que me acompanha, e que agora mais que nunca eu sei que me acompanha. Eu falei pra ela, depois de muito pensar, mas ela não agiu diferente do que eu imaginava. O preconceito é muito maior que a capacidade de ouvir, sentir, pensar, respeitar. Eu derramei uma ou outra lágrima que ele secou, e aí acabei deixando pra lá. Talvez um dia ela entenda. Não quem ele é, não onde ele está, porque isso sequer eu poderia afirmar. Talvez um dia ela entenda que tudo que eu esperava era um sorriso e que ela ficasse feliz pela paz, pelo conforto, pela felicidade que eu acabei de encontrar.
Quanto a minha interpretação do que é real, do que é ficção e do que é conveniente acreditar, tanto faz. Que diferença fará? É como ver um filme de conto de fadas e sorrir esperando o príncipe vir te buscar. Talvez ele venha, talvez não exista, quem tem certeza suficiente pra afirmar? O importante é o sorriso gostoso que você dá esperando ele chegar.
Eu sempre soube que era ele, que ele viria comigo onde eu fosse. E agora eu entendo tudo que durante muito tempo a lógica não conseguiu me explicar. Se vai ser diferente amanhã não sei. Só sei que eu estou bem, ele está bem, ela está bem. Ela não disse com as palavras, mas tem outras formas de se falar. Agora é hora de cair na cama e quem sabe um dia assistir ao cair da tarde no velho terreiro.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário